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Ser mulher...

Foto do escritor: Liliane DantasLiliane Dantas
Ser mulher, desde que o mundo é mundo, é como ter um alvo tatuado no corpo inteiro. Nada nos pertence. Nosso corpo, desejos, sonhos e mentes, são públicos. E nosso algozes são os outros e nós mesmas.

Não nascemos assim, nos tornamos. Somos ensinadas a dar poder aos outros em inúmeros sentidos, mas principalmente quando permitimos que nos digam o que vestir, comer, que tamanho nosso corpo deve ter, como, quando e com quem devemos usá-lo; o que somos capazes de estudar, trabalhar. Quantos filhos devemos ter, e Deus me livre se alguma mulher disser que não quer ter filho, afinal, “isso não é coisa de mulher”. A arcaica crença de que um gênero é intrinsecamente superior a outro. O julgamento escancarado em uma simples foto de biquíni ou um vídeo dançando. Lidamos com assédio, pedofilia, culpa. Sempre que alguém estabelece um padrão somos violadas.

Se desde cedo aprendêssemos que o garoto que puxa o nosso cabelo na escola não é porque gosta da gente, mas sim porque é uma criança agressiva, teríamos relações saudáveis. Se nós tivéssemos crescido vendo mulheres reais nas passarelas, nas capas de revista, na televisão, no cinema, nos brinquedos, nos livros, nos poderes… nossa imagem corporal seria saudável, a assim o amor-próprio.

No entanto, quando tudo o que sabemos ser aceito é a perfeição, nós sangramos, nas salas de cirurgia, nas redes sociais, no espelho.

E ainda há quem diga: Isso não existe, hoje em dia somos todos livres. Mulheres tem a mesma liberdade que o homem… Não temos! O padrão estético, dietas malucas, intervenções cirúrgicas, os filtros, relacionamentos abusivos, depressão, suicídio, e mil outras coisas, estão aí para atestar nossas correntes.

Sim, percebo mudanças, leves, significativas, estamos em processo de aprendizagem. E não só a nos aceitar e respeitar, mas a nos honrar. E isso? É amor! E não falo de amor só pelo reflexo no espelho.

Olhar para nós mesmas com afeto e presença, é um exercício diário que preenche aos poucos aquele vazio ancestral. Sem migalhas, nem abusos.

E assim, no nosso tempo, vamos respirando, florescendo, existindo pelos olhos que realmente importam, os nossos!

✍🏻: Lili Dantas

 
 
 

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